quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Lixo e cidadania

15/8/2008
Por José Vicente Pimenta
O problema do lixo nos grandes centros urbanos tem se tornado cada vez mais intangível e polêmico em todo o mundo, já que envolve desde a saúde pública ao consumo responsável. Em São Paulo não é diferente. A maior metrópole do país produz 14 mil toneladas diariamente e pouquíssimo dessa montanha de lixo é reciclado. É claro que a reciclagem é apenas uma de tantas outras soluções para o problema.
Com a intenção de contribuir nas discussões entre comunidades, poder público e iniciativa privada sobre a questão dos aterros sanitários na zona Leste de São Paulo, nós criamos em julho de 2007 a campanha “Mais vida, menos lixo”, durante a 3ª Caminhada ao Morro do Cruzeiro, organizada pela Pastoral da Ecologia da Arquidiocese de São Paulo, com o apoio da ONG Defensoria da Água. Na época, além de não querermos mais lixo no aterro (que já estava com sua capacidade esgotada), estávamos determinados a impedir a destruição de um milhão e duzentos mil metros quadrados de Mata Atlântica para a construção do maior lixão do mundo.
Desde então, a campanha – que envolve entidades, comunidades e escolas - descobriu irregularidades e denunciou ao Ministério Público a existência de muitos crimes ambientais e problemas no processo de licenciamento que tramita na Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Com base nessas informações, a justiça determinou a suspensão do processo por tempo indeterminado (porém, recentemente, o aterro de São Mateus foi aberto e receberá lixo por mais 11 meses).
Além de denunciar os crimes ambientais, a campanha reuniu semanalmente um grupo de ambientalistas para estudar o assunto e responder à pergunta que mais ouvimos no último ano: “O que fazer com todo o lixo produzido na cidade de São Paulo?”. Da campanha e de tantas indagações, criamos a cartilha “Mais vida, menos lixo”, resultante desse estudo, que será lançada no dia 19 de agosto, na Bienal do Livro. Ela contém um pouco da história do lixo na cidade, uma sinopse das principais leis de proteção ambiental, orientações práticas para que o cidadão defenda com eficiência os interesses difusos da coletividade e propostas consistentes para municípios de qualquer tamanho construírem um plano diretor de gerenciamento de resíduos sólidos. Seu conteúdo textual não tem reservas de direitos, pode e deve ser reproduzido livremente por qualquer meio. O importante é multiplicar o debate.
Ao longo dessa campanha aprendemos que o mais importante é construir com a comunidade uma aliança. Aliança no sentido de parceria, solidariedade e troca de informações para que garantir nossos direitos de cidadãos. Investimento em educação e, conseqüentemente, em consciência ambiental, deve ser um dos projetos a entrar nas pautas de todos os candidatos. O problema do lixo deve ser levado ao centro do debate eleitoral na cidade. Esta é a hora de fazer cobranças a cada um dos candidatos.
José Vicente Pimenta é teólogo, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Editoras de Livros do Estado de São Paulo e coordenador da Campanha “Mais vida, menos lixo”.
Giselle HoffmannEx-Libris Comunicação Integrada(11) 3266.6088 - ramal 216giselle@libris.com.br

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Fundador da ONG MEAM neste município e em outros, desenvolvendo atividades no Rio Paraíba do Sul e Parque Estadual do Desengano.