28/11/2008
Por Germano Woehl Jr
Alguém já viu uma macha de óleo de cozinha no rio que passa por uma das maiores cidades do mundo, São Paulo? Não, né? A gente só vê espuma, certo? Na represa de Guarapiranga? Também não, né? Observem no lançamento de esgoto das cidades onde vocês vivem e tentem observar alguma mancha de óleo (de cozinha) nos rios após passar pela cidade. Observem nas praias, no entorno da foz de grandes rios que passam grandes metrópoles, geralmente sem tratamento de esgoto. Não se vê nada, correto?
Vocês devem saber o que significa BIODEGRADÁVEL, certo? Pois é, o óleo de cozinha é uma destas substâncias GENUINAMENTE BIODEGRADÁVEL (se não fosse, imaginem o estrago que faria em nosso organismo). O óleo de cozinha dilui totalmente na água. A ação dos detergentes o dissolve com facilidade e as bactérias + outras substâncias químicas comuns nos esgotos transforma tudo em gás carbônico, oxigênio e água, substâncias comuns na natureza.
Vocês já repararam que em nossas residências (casas e prédios com apartamentos) existe uma CAIXA DE GORDURA? Esta caixa de gordura é maneira simples de reter as gorduras (vegetais e animais), da louça, da carne churrasco, do frango assado... . Mas não é por motivos ecológicos que foi inventada. É para evitar o entupimento da tubulação. AO LONGO DOS ANOS, o excesso de gordura vai acumulando nas paredes dos canos, no início da tubulação. Contudo, os detergentes atuam sobre a superfície da camada de gordura, reduzindo o acúmulo (na nossa casa a caixa de gordura nunca foi limpada durante 12 anos de uso).
A própria água é um bom detergente (molécula POLAR) e também contribui para diluir o óleo de cozinha. Porém, o xampu e sabonete que usamos no banho, o sabão em pó na máquina de lavar, o detergente na louça... faz com que nosso esgoto tenha detergente mais do que suficiente para diluir o óleo (por isso o rio Tietê produz aquela montanhas de espuma, nos trechos encachoeirados).
Uma família típica consome (utiliza) 15 mil litros de água por mês, certo? Após o uso, esta água é lançada no esgoto. Qual a quantidade de óleo de cozinha (não ingerido no pastel, arroz, bife...) que é lançado no esgoto por mês? Um litro? Dois? Um litro de óleo, ou bem menos, diluído em 15 mil litros de água (1/15.000), certo? Quantos de xampu usamos? Sabão na máquina de lavar, sabonete, pasta de dente, resíduos de cremes para a pele... Façam a conta.
Não seria mais racional a redução de todos estes produtos? Não dá, né? Pois é...
Não esqueçam que a indústria de sabão JÁ USA RESÍDUOS (sebo de boi, gordura de frango, suínos...). Vamos estimular o aumento do consumo de sabão? E o impacto dos outros insumos que deve ser adicionado ao óleo para se fabricar sabão?
Desculpe-me estragar o negócio dos vendedores de kits para fabricar sabão e insumos para as escolas. Mas é inaceitável que o futuro de nossas crianças seja sabotado desta maneira. Obviamente que é muito educativo para a difusão da ciência (disciplina de química) mostrar como se fabrica o sabão, mas explorar mão de obra infantil e permitir professores desperdiçarem seu tempo valioso operando uma fabriqueta QUIMICA de fundo de quintal, em nenhum controle de qualidade, em nossas escolas não dá, né? E a questão fiscal, trabalhista... Que belo exemplo para as crianças! Que lição de cidadania é essa?
VAMOS ACABAR COM ESTA IDIOTICE DE RECICLAGEM DE OLEO DE COZINHA!
Prezado Senhor:
Pergunte antes aos bichos que viviam nas áreas de plantio de soja, sobretudo nas áreas recentemente devastadas da Amazônia. Pergunte aos animais e pessoas envenenados com os agrotóxicos. Pergunte aos consumidores das águas contaminadass pelos venenos dos agrotóxicos e da adubação química (nitritos, nitratos...), altamente cancerigenos!
Pergunte também aos pais que estão tendo seus filhos expostos a produtos altamente perigosos como a soda cáustica nas escolas, transformadas em verdadeiras indústrias químicas (de fundo de quintal, sem obedecer nenhuma norma de segurança). Quantas crianças já devem ter sido envenenadas? Pergunte as pessoas que tiveram suas mãos corroídas por sabão de péssima qualidade fabricado por ignorantes., sem nenhum controle de qualidade, testes biológicos etc. Pergunte às crianças indefesas que já ingeriram acidentalmente soda cáustica, que seja nas residências ou nas escolas!!!!
Pergunte a você mesmo o que será do futuro das nossas crianças que já tem um ensino de péssima qualidade ao desperdiçar um tempo precioso de aprendizado para atividades sem nenhum contexto didático, meramente de exploração de mão de obra infantil e de alta periculosidade.
Este problema do óleo na estação de tratamento nem chega a ser um problema de tão simples que é resolver! O óleo vegetal tem uma decomposição extremamente rápida. A separação é TRIVIAL. Ninguém nunca reclamou disso, meu Deus do Céu!!!!. É produto de um boato de internet e que pessoas ingênuas realimentam.
O que são perigosos são os produtos químicos utilizados (ácidos) para extração do óleo dos grãos de soja ou de milho (que é um processo químico) e os resíduos destes produtos, bem como dos agrotóxicos e da adubação química.
Sim, mas o primeiro R vem de REDUZIR. Não seria melhor uma campanha para REDUZIR O CONSUMO DE ÓLEO DE COZINHA? Vejam os impactos que a produção desta porcaria de óleo de cozinha causa (planções de soja, produção de venenos, aplicação de venenos, produtos quimicos para extração do óleo, energia resíduos tóxicos...)
Não sei exatamente como começou com esta bobageira de "reciclagem" óleo de cozinha, mas é mais uma dessas coisas idiotas que circulam na internet e ganha força no mundo real como se a solução para os nossos problemas do consumo insustentável.
A farça da tal "reciclagem" gera mais resíduo ainda, aumentando o impacto sobre a natureza.
www.ra-bugio.org.br
Fonte: REBIA Sul / Germano Woehl Jr.
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
O Mito desta idiotice da reciclagem de óleo de cozinha
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Quem sou eu

- Genilson de Souza Cabral nº 006
- Fundador da ONG MEAM neste município e em outros, desenvolvendo atividades no Rio Paraíba do Sul e Parque Estadual do Desengano.
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