
Diretor comercial do Grupo Agropalma, maior produtor de óleo de palma da América Latina, o engenheiro de alimentos Marcello Brito foi eleito membro diretor da RSPO – Roundtable on Sustainable Palm Oil (Mesa Redonda do Óleo de Palma Sustentável). A RSPO congrega toda a cadeia produtiva do óleo de palma e interessados – considerando desde o pequeno agricultor até processadores, fabricantes, varejistas, bancos, investidores e ONGs ambientais e sociais –, promovendo realmente uma grande mesa redonda acerca do tema. Por meio de processo participativo, a organização já desenvolveu um conjunto de normas, chamado de Princípios e Critérios, que define as práticas sustentáveis de produção em abrangência mundial, e tem como objetivo uma grande mudança nos métodos de produção do óleo de palma e sua interação com o meio ambiente.
Marcello Brito participa da RSPO desde a sua fundação, em 2004, e foi membro do CGW – Criteria Working Group, em conjunto com 25 outros técnicos representando diversos stakeholders, responsável pela elaboração dos princípios e critérios deste movimento internacional. A presença do brasileiro agora em meio à liderança da organização não apenas reitera a filosofia de representação multilateral da RSPO, como evidencia a importância de se promover esforços mais concentrados na América Latina pela sustentabilidade dentro do setor produtivo do óleo de palma.
O desafio de mandato do novo diretor será tentar aplicar as regras da RSPO no Brasil, com o apoio da sociedade civil organizada e dos governos estadual e federal, de forma que não se abracem práticas negativas que venham a impactar na imagem do país. “A cultura da palma pode ser benéfica ou maléfica à Amazônia brasileira, dependendo dos critérios a serem empregados no seu desenvolvimento”, avalia.
Segundo Brito, é totalmente possível promover o desenvolvimento da cadeia produtiva com base em normas aceitáveis, decentes, favorecendo a recuperação socioeconômica das regiões e tratando de preservar o meio ambiente e sua biodiversidade. Tudo com base em um moderno conceito de socioecologia, que leva em consideração as condições atuais e futuras do ser humano e não utopias e dogmas ecológicos, dialogando com os órgãos governamentais e superando entraves de toda ordem. “O trabalho é árduo e a quebra de paradigmas necessária, mas nós não desanimamos com os obstáculos até agora encontrados”, afirma.
Matéria-prima versátil para o ramo alimentício, cosmético, têxtil e fonte de biocombustível, o óleo de palma é considerado a maior commodity de óleo vegetal do mundo em produção, com 37 milhões de toneladas/ano, segundo dados divulgados pela Oil World. A Indonésia se destaca como principal produtor e o Brasil responde como maior consumidor na América Latina, com produção localizada em grande parte na região Amazônica. A sustentabilidade no setor é uma realidade crescente, embora ainda não seja a prática dominante. A estimativa da RSPO indica uma produção mundial de 1,5 milhões de toneladas de óleo de palma sustentável em 2008.
Sobre a RSPO – Roundtable on Sustainable Palm Oil (http://www.rspo.org/)
Fundada em 2004, a RSPO objetiva promover o crescimento sustentável da produção do óleo de palma através de uma regulamentação mundial. A organização não tem fins lucrativos e congrega toda a cadeia produtiva do óleo de palma e interessados. Sua sede fica em Zurique, na Suíça, e a secretaria baseada em Kuala Lumpur, na Malásia.
A RSPO reúne 263 sócios ordinários, sendo: 9 bancos e fundos de investimento, 39 produtores de bens de consumo, 11 ONGs ambientais, 9 ONGs sociais, 24 cadeias internacionais de supermercados, 101 processadores e traders e 70 plantadores. Destes, 43 possuem negócios diretos e/ou indiretos no Brasil. São dois sócios brasileiros (Grupo Agropalma e IBD – Instituto Biodinâmico) e 94 sócios afiliados.
Critérios da RSPO para produção de óleo de palma:
Princípio 1: Compromisso com a transparência. Princípio 2: Obediência à legislação. Princípio 3: Compromisso com a viabilidade econômica e financeira de longo prazo. Princípio 4: Uso de melhores práticas por produtores e processadores. Princípio 5: Responsabilidade ambiental e conservação dos recursos naturais e da biodiversidade. Princípio 6: Respeito aos direitos de empregados, indivíduos e comunidades afetados pela produção e processamento. Princípio 7: Responsabilidade na implantação e desenvolvimento de novas áreas para produção. Princípio 8: Compromisso para melhoria contínua nas áreas-chave da atividade.
Fonte: Accesso - Lilia Rebello.
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